Foto: Divulgação
Muito se comenta sobre os jogos didáticos para os
treinamentos e cada dia mais, treinadores aplicam esse método. Porém não é tão
simples assim, já que o mais importante não é aplicar os jogos e sim fazer com que
o atleta entenda o porquê de cada jogo, os objetivos a serem atingidos, tanto
táticos quanto técnicos. Podemos aplicar o mesmo jogo didático em duas
equipes diferentes. O objetivo será atingido, dependendo da mensagem e das
correções feitas por cada treinador.
Por ter trabalhado em colégios, que tinham como
linha didática o construtivismo, tenho aplicado esse método por mais de 20 anos
em equipes brasileiras e há quase 15 anos, não faço uma sessão de treinamento
só com coletivo. Utilizo no máximo 15 minutos e mesmo assim cobrando alguma
parte tática, o que chamo de coletivo direcionado, onde induzo uma defesa ou um
ataque para cada equipe executar.
Iniciei aplicando nas categorias de base e posteriormente
nas adultas. Tenho comprovado ao longo deste tempo resultados positivos, com
uma resposta muito rápida no aprendizado técnico e tático, além de deixar o
treinamento mais motivado, onde aplico vários jogos diferentes dentre eles, com
o mesmo objetivo, porém com estratégias diferentes, assim criando um ambiente lúdico,
potencializando a criatividade dos atletas que se mostra tão importante no jogo
de futsal.
Esta pequena introdução serve para ilustrar minha experiência
aqui no Kuwait, onde o desafio de aplicar esse método seria muito grande, como
foi em algumas equipes no Brasil, onde no início se tinha a cultura do coletivo
e por aqui não foi diferente, ainda somado com a barreira da língua muito
diferente.
Na primeira semana de treinamentos já fui
introduzindo alguns jogos para trabalhar os fundamentos, como: passe, linha de
passe, finalizações, marcação, fugidas, etc. Estava à vontade e como já era
habituado a fazer no Brasil, fui fazendo, até que um dia, próximo a um jogo
amistoso que foi marcado, devido a proximidade do inicio do campeonato, veio o
questionamento que eu estava esperando sobre o coletivo, para preparar a equipe
para o jogo. Foi nesse momento que com toda dificuldade da língua, já que meu
inglês é de colégio, precisei dar minha mensagem, explicando o porquê daquele
tipo de treino e da não utilização de coletivos. Precisei ter o bom senso de saber
que não poderia mudar tudo de uma hora para outra, que faria alguns coletivos.
Fui para o hotel com uma dúvida na cabeça: se iria conseguir aplicar o método
que eu mais acreditava
Minhas dúvidas acabaram no dia seguinte. Quando
iria começar o treinamento, dois atletas, com certa ascensão no grupo, me chamaram
e pediram para que eu continuasse aplicando os jogos, que não precisava fazer coletivo
e fiquei muito feliz em saber que a mensagem foi entendida e o grupo comprou a idéia
do treinamento.
Estou aqui na minha segunda temporada e ainda não
apliquei nenhum coletivo. Nunca mais fui questionado, meus atletas entenderam
que os jogos são coletivos com objetivos a serem atingidos em cada sessão de
treinos.
Esta experiência me fez acreditar ainda mais nesse ambiente lúdico que os jogos
táticos proporcionam, desafiando não só os atletas em atingir os objetivos
propostos, mas também aos treinadores, tendo que criar novos jogos para
desenvolver os fundamentos técnicos e táticos, melhorando a estrutura tática de
sua equipe, conforme sua ideologia própria para o jogo de futsal.
Escrito pelo Técnico Paulinho Gambier
Escrito pelo Técnico Paulinho Gambier
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